quarta-feira, 15 de junho de 2016

A possibilidade da abertura de um novo olhar para o mundo.

Introdução: Com o intuito de promover maior conhecimento da Disciplina Psicologia da Saúde II, e integração do aprendizado com a prática hospitalar, foi-nos solicitado pela professora que fizéssemos uma visita técnica em uma unidade hospitalar. Assim, à partir da visita e da interação com um sujeito real, foi possível a coleta de dados, a realização de observações mais específicas e posteriormente análise das informações e uma conclusão. Com isto, foi-nos possível elaborar um estudo de caso, contendo a história de vida e situação psicológica de um sujeito hospitalizado, no qual apresentamos um nome fictício, Sr. Silvano, para preservar, pelo princípio da confidenciabilidade, a identidade e integridade do sujeito em questão.


Estudo de Caso:

O Sr. Silvano é aposentado, tem 68 anos, possui ensino fundamental incompleto, é fumante desde os 12 anos e também é portador de diabetes. Ele nasceu no interior do Nordeste mas veio, jovem ainda, residir no interior de Goiás. Enquanto aguardava, internado em um Hospital, para passar pela oitava Angioplastia, que é uma intervenção cirúrgica destinada a reparar um vaso dilatado, contou-nos que havia ficado internado na U.T.I. de um hospital, no interior do Estado de Goiás, por seis dias. No decorrer da entrevista mostrou-se tranquilo, comunicativo e lúcido. Ele reclamava do atendimento médico, da estrutura do hospital, no entanto elogiou o trabalho realizado pela equipe de psicologia, que atua no hospital. De origem simples, contou-nos que sua mãe criou sozinha oito filhos e que ele é o quarto filho, na ordem do nascimento. Foi criado com parentes, ficando na maioria das vezes na casa das primas, as quais ele classifica como prostitutas. Conta-nos que aos 22 anos casou-se, e com esta esposa tiveram 2 (dois) filhos. Permaneceu casado por 20 (vinte) anos e se separou da esposa. Contando sobre a separação ele deu muita ênfase no fato de ter-se separado em apenas 5 (cinco) minutos, pois queria prosseguir sua vida com uma nova mulher, à qual era prostituta. Disse que ao avisar à esposa sobre a separação e que iria embora com outra mulher houveram discussões acalouradas. Disse que devido ao sentimentos negativos em relação à situação, à raiva dos filhos e a cobrança de todos, ficou agressivo e tentou agredir um dos filhos, que se revoltou com o abandono da mãe. Silvano chegou a nos relatar que teve desejo de matar o próprio filho, pois considerou que o filho lhe faltou com o respeito. Após alguns anos morando maritalmente com a mulher com quem fugira, separou-se dela, deixando para trás mais 3 (três) filhos. Disse-nos que casou-se novamente e é pai de mais 2 (dois) filhos. Disse-nos que diante de tudo o que aconteceu em sua vida não sente nenhum arrependimento, exceto o fato de não ter matado o filho que se revoltou contra ele. Após nos contar sua história o paciente relata simpatia pela psicologia, e refere-se a ela como uma oportunidade de ser ouvido, mas não a considera uma possibilidade de cura para sua agressividade ou falta de compaixão para com as pessoas que fazem parte da sua história de vida.

Após ser submetido à Angioplastia o Sr. Silvano, ficou alguns dias hospitalizado para recuperação no pós-cirúrgico, e então recebeu alta hospitalar, a qual ansiava muito.

Perguntamos: Sr. Silvano, depois deste contato e da oportunidade de ter falando sobre sua história de vida, sentiu-se capaz de fazer uma leitura de seus enfrentamentos e achar solução para si?

Ele responde: Digamos que não!

Concluímos que, provavelmente, até o momento anterior ao processo delicado da cirurgia, a qual seria submetido, aquela “escuta” das acadêmicas de psicologia o fez se sentir-se amparado e até mais tranquilo. Com isto, sugerimos para o Sr. Silvano que buscasse ajuda terapêutica, e para sua família atual, sugerimos que o incentivasse nisto. Frizamos que isto iria contribuir para que o mesmo pudesse melhorar a compreensão sobre sua realidade, a fim de que houvesse paz familiar, além de possibilitar um estreitamento do vínculo com o filho, o qual sente mágoa. A ajuda terapêutica promoveria a abertura do olhar para o mundo à sua volta, para sua atual condição de vida e saúde, conscientização de suas superações após tantas intervenções cirúrgicas, e das novas oportunidades de recuperação.




Alunas: Eldimar Cabral, Kelly Santos, Juliana Meriele e Priscila Barbosa.

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